Diário de viagem - Portugal - parte 10 - Porto

• Dia 04 de outubro de 2017

No segundo dia no Porto resolvemos visitar as cidades de Braga e Guimarães. Saímos de carro logo cedo rumo à Braga, localizada a cerca de 55km ao norte do Porto.

Considerada o maior centro de estudos religiosos de Portugal devido à grande quantidade de igrejas na cidade, Braga também é conhecida como "a cidade da juventude", pois, apesar de ser a cidade mais antiga de Portugal (mais de 2000 anos), é, simultaneamente, uma cidade preenchida por muitos jovens, chegando a ser distinguida como a cidade mais jovem da Europa.

E nos apaixonamos pela cidade, não só por suas belas igrejas, prédios históricos, jardins floridos e ruas extremamente limpas, mas principalmente pelo povo, simpático e acolhedor.

Logo que chegamos em Braga, uma loja de instrumentos musicais nos chamou a atenção: a "Som da Sé", localizada na rua em frente à Sé de Braga. Entramos para conhecer e ficamos encantados com a simpatia dos proprietários, Seu Manoel e Seu Luiz, que, entre outros instrumentos, nos explicaram detalhes sobre formato, som e afinação da Guitarra Portuguesa de Coimbra e da Viola de Braga, e Seu Manoel ainda fez questão de tocar para nós.

Seu Manoel com a guitarra portuguesa de Coimbra

Seu Luiz, à esquerda, e Seu Manoel com a viola de Braga, também conhecida como Braguesa

Logo em frente está a Sé de Braga, cuja construção, que teve início no século XI, agrega estilos românico, manuelino, gótico e barroco. 

Também designada como Catedral de Santa Maria de Braga, nela se conservam testemunhos artísticos dos seus mais de nove séculos de história. Do estilo românico inicial conservam-se a Porta do Sol, a planta com deambulatório, o pórtico principal e a absidíola do claustro de Santo Amaro, cujos arquitetos foram os prelados do Mosteiro de Cluny (França), São Geraldo e Maurício Brudino. No século XV, o estilo gótico impôs-se na construção da galilé de entrada no templo. No interior, podemos encontrar um túmulo em madeira, de talhe gótico-flamengo, pertencente ao Infante D. Afonso, filho do rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre. 

A igreja possui dois órgãos de tubos: o órgão do lado do Evangelho (1737) e o órgão do da Epístola (1739), obras de Simãos Fontanes e decorados em talha da autoria de Marceliano de Araújo, e abriga ainda o Tesouro-Museu da Sé, que contempla, além de núcleos temáticos ligados à história da Igreja de Braga, outros núcleos expositivos que retratam o "Nascimento" e "Paixão e Morte" de Jesus Cristo. Essa exposição permanente recebeu o nome "Raízes de Eternidade: Jesus Cristo – Uma Igreja". Outro núcleo diz respeito à exposição de peças de ourivesaria e paramentaria. O destaque vai para uma cruz que foi usada na primeira missa no Brasil, levada por Pedro Ávares Cabral, um precioso cofre de marfim islâmico do século XI e um cálice manuelino com as armas de D. Diogo de Sousa.

Não é permitido fotografar o interior do museu, mas novamente tivemos a sorte de conhecer outro português muito atencioso, o Seu Chico, responsável pela bilheteria do museu, que nos deu a dica de como fotografar pelo menos a cruz usada na primeira missa no Brasil.

Órgãos de tubo

Cruz usada na primeira missa no Brasil

Ao lado da Sé de Braga está a Igreja da Misericórdia de Braga, construída entre 1560 e 1562. É um dos únicos monumentos renascentistas da cidade, e está incluída no conjunto de edificações da Sé de Braga.

A 300m dali está a Torre de Menagem, o principal remanescente do Castelo de Braga erguido sob o reinado de D. Dinis. De planta quadrada, em estilo gótico, ergue-se a aproximadamente trinta metros de altura, dividida internamente em três pavimentos.

Além da Torre, também há vestígios da muralha do castelo, junto às casas da Arcada.

Retornando sentido Igreja da Misericórdia de Braga, e seguindo por cerca de 500m, encontra-se o Arco da Porta Nova, que foi uma das portas nas muralhas da cidade, rasgada em 1512, à época do Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa.

Dali seguimos para o belíssimo Jardim de Santa Bárbara, também no centro histórico da cidade.

Trata-se de um jardim público municipal, junto à ala medieval do Paço Episcopal Bracarense. No seu centro encontra-se uma fonte do século XVII, que pertencia originalmente ao antigo Convento dos Remédios, encimada por uma estátua de Santa Bárbara, que dá o nome ao jardim.

Depois desse delicioso passeio pela cidade, paramos para almoçar. Há muitos restaurantes no centro histórico, principalmente próximo ao Arco da Porta Nova. Almoçamos por ali, mas não me recordo o nome do restaurante. E estando em Braga, é claro que pedimos um Bacalhau à Braga, além do Bacalhau à Bras e uma típica Alheira.

Deixando o centro histórico de Braga, seguimos para o Santuário Bom Jesus do Monte, um dos principais cartões postais da cidade.

O Santuário do Bom Jesus é um complexo que conta com as escadarias (chamadas de escadórios em Portugal), a Igreja do Bom Jesus, o elevador do Bom Jesus e um parque, além de hotéis e restaurantes. A igreja do Bom Jesus foi elevada a basílica-menor em 2015 e é um dos primeiro edifícios de estilo neoclássico do país. Apresenta a planta em formato de cruz latina com fachada ladeada por duas torres. A escadaria, que começou a ser contruída em 1723,  conta com 573 degraus, e ao longo dela há diversas capelas primitivas. O elevador é um funicular que vai desde a parte alta de Braga até o santuário. Foi inaugurado em 1882, sendo o primeiro a ser instalado na Península Ibérica. Por fim, o parque do Santuário do Bom Jesus é uma área de mata com vários lagos artificiais e jardins.

Devido à sua disposição peculiar, o santuário serviu de inspiração para outras construções, como por exemplo o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego (norte de Portugal), e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos na cidade de Congonhas, em Minas Gerais.

Deixamos essa vista linda de Braga e seguimos para Guimarães.

Além de ser considerada um dos maiores centros turísticos da região, Guimarães é uma das principais cidades históricas de Portugal, com um papel crucial na formação do país, e que conta com mais de um milênio desde a sua formação.

A cidade está historicamente associada à fundação da nacionalidade e identidade Portuguesa. Guimarães, entre outras povoações, antecede e prepara a fundação de Portugal, sendo conhecida como "O Berço da Nação Portuguesa". Aqui tiveram lugar, em 1128, alguns dos principais acontecimentos políticos e militares, que levariam à independência e ao nascimento de uma nova Nação. Por esta razão, está inscrito numa das torres da antiga muralha da cidade "Aqui nasceu Portugal", referência histórica e cultural de residentes e visitantes nacionais.

Convento dos Capuchos, ao lado do Castelo de Guimarães

Nossa passagem pela cidade foi rápida, apenas para conhecer o Castelo de Guimarães.

Construído ao longo dos séculos XII a XIV,  o monumento encontra-se ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal.

Nas dependências do castelo está localizada a Igreja de São Miguel do Castelo, também conhecida como Capela de São Miguel do Castelo.

O templo foi construído em 1239. Pela sua datação, o românico já não é perfeito, e parece prenunciar em alguns aspectos a ascensão do gótico. Ao longo dos séculos foi caindo em ruínas, estado em que se encontrava em meados do século XIX, quando a Sociedade Martins Sarmento decidiu restaurá-la.

Ao lado do Castelo está o Paço dos Duques de Bragança, mandado construir no século XV por D. Afonso, (filho ilegítimo do rei D. João I e de D. Inês Pires Esteves), 1º Duque da Casa de Bragança.

Em frente ao Paço dos Duques de Bragança está a estátua de D. Afonso Henriques. A estátua de bronze foi construída  em 1888 e a ideia da sua construção partiu de um grupo de portugueses, residentes no Rio de Janeiro.

Depois do longo e produtivo dia, retornamos para o Porto.

À noite, levamos meus pais para jogar bingo no Trindade (minha mãe ama um bingo...rs).  Enquanto isso, eu o Marcelo aproveitamos para comer e tomar uma cerveja no Trindade Bar, em frente ao Bingo. O bar conta com apresentações de bandas brasileiras e karaokê em alguns dias da semana.

Fonte:
Wikipédia